Três conceções da memória na psicanálise
Resumo
Neste artigo, propõe-se uma viagem através da conceção da memória no percurso da história da psicanálise, sugerindo-se três momentos concetivos: o primeiro, saído da influência das ciências naturais, representado na passagem do modelo neuropsicológico ao psicanalítico, com a descoberta do traço mnésico e de uma teoria económica, com o conceito de «memória-lembrança»; o segundo, resultante do estudo da histeria, da descoberta da fantasia e do abandono da teoria do trauma, das lembranças encobridoras e de amnésia infantil, com o conceito de «memória-reconstrução»; e o terceiro, representado pela descoberta da precocidade psíquica presente desde o nascimento, da identificação projetiva, da phantasia inconsciente e do realismo que a caracteriza, com o conceito de «memória-integração», da qual faz parte integrante o conceito de «sonho-como-memória». Serão discutidas importantes implicações na técnica operada por esta evolução na conceção da memória, nomeadamente as do uso da transferência e da contratransferência, da abordagem das patologias do recalcamento às da clivagem, da neurose à psicose, do adulto à criança. Três vinhetas, de uma criança, de um pré-adolescente e de um adulto, ilustram a exposição.
Palavras-chave
Memória, Lembrança, Reconstrução, Integração, Transferência-contratransferência
Biografia Autor
Maria José Martins de Azevedo
Psicóloga clínica, psicoterapeuta, psicanalista e escritora. Formadora na Sociedade Portuguesa de Psicanálise (SPP), membro da IPA (Associação Internacional de Psicanálise), da FEP (Fédération Européenne de Psychanalyse) e da SEPEA (Société Européenne pour la Psychanalyse de l’Enfant et de l’Adolescent).
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