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Chamada de trabalhos

2023-05-09

Este ano, o Congresso Bienal IPA 2023 intitula-se "A mente na linha de fogo" e aborda a tarefa conflituosa e complexa do trabalho analítico em contextos de violência política e transformações sociais muito rápidas e disruptivas, nomeadamente as operadas pela experiência da pandemia. 

 

Freud, no seu texto poético "Transitoriedade" (1916), já se referia ao impacto do poder destrutivo do homem em relação à natureza e aos seus semelhantes quando dizia "a nossa vida de impulso na sua nudez, desencadeou em nós os espíritos malignos que acreditávamos estar permanentemente subjugados pela educação que nos foi dada durante séculos pelos mais nobres entre nós". 

 

Atualmente, a violência política e social engloba diversos fenómenos: guerras, deportações forçadas, diferentes formas de violação dos direitos humanos, terrorismo e violência de diferentes Estados contra os seus cidadãos, violência de género, cyberbullying, entre muitas outras.

 

Nas palavras de Marcelo Viñar (2017), no seu trabalho “O sujeito em exílio: entre o ser da intimidade e o ser da violência política extrema”, são múltiplas expressões da "experiência de ser destituído ou expulso da condição de ser humano", que "provoca um colapso catastrófico da identidade [...] vindo de uma ação "racional" e intencional, planeada e organizada por outros homens". 

 

A este respeito, o convidado central na abertura do Congresso, Lord Alderdice, retoma o tema nodal quando diz - no resumo da sua conferência - "O arco que está sempre dobrado em breve deixará de disparar a direito". O stress mental e emocional incessante é apenas uma das pressões que têm impacto no bem-estar e eficácia dos que trabalham na saúde mental de comunidades afetadas por conflitos políticos e sociais violentos.

 

Será que a nossa natureza humana está sempre em luta com nosso próprio Thanatos? Tal como Freud escreveu na sua carta a Einstein em “Why War?” (1932), "tudo o que estabelece laços de sentimento entre as pessoas não pode deixar de ter um efeito contrário à guerra". Poderia ser que parte da nossa condição humana é nunca mais parar de tentar construir a paz uma e outra vez? Não temos uma resposta, mas procuramos refletir e articular os nossos pensamentos sobre o assunto. 

 

Neste contexto, a Psicanálise deve continuar a ocorrer e o seu pensamento deve continuar a funcionar. Queremos discutir convosco diferentes ideias, propostas, estratégias que os analistas à nossa volta quiseram partilhar, a fim de estimular o nosso pensamento coletivo.  É com esta intenção que decidimos abrir este convite à apresentação de trabalhos. Os trabalhos submetidos deverão ser inéditos (não publicados anteriormente em outras publicações científicas) e sendo aceites, serão publicados na RPP 43(2), que sairá em dezembro de 2023.

 

 

Prazos: 

Envio de submissões até 15 de setembro de 2023

Resposta aos autores até dia 2 de novembro (o artigo poderá ser recusado; aceite; ou aceite com pedido de reformulações); se foram pedidas modificações, o prazo para entrega do artigo corrigido será dia 15 de novembro

Publicação em dezembro de 2023 no número 43(2) da RPP

 

Referências:

 

Freud, S. (2010a). A Transitoriedade. Em S. Freud, Obras completas (vol. 12, pp. 247-252). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1916).

Freud, S. (2010b). Porquê a guerra? Em S. Freud, Obras completas (vol. 18, pp. 417-435). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1932).

IPA- International Psychoanalytic Association (2023) https://events.ipa.world/event/78ebaaa8-9c1f-4707-85a1-6d9c0b3673f2/websitePage:d46dbca5-b1b6-4fe4-9b62-8dadc0871b12

Viñar, M (2017) O sujeito em exílio: entre o ser da intimidade e o ser da violência política extrema. Revista Brasileira de Psicanálise, 51(1).