40 anos de primeiras entrevistas no Instituto de Psicanálise
Resumo
No Instituto de Psicanálise, realizam-se entrevistas de triagem desde 1977. Como em Institutos congéneres, houve nos últimos anos uma diminuição dos pedidos e dos encaminhamentos para psicanálise com aumento da orientação para psicoterapia psicanalítica. As pessoas que chegam à procura de alívio para o seu sofrimento muitas vezes não têm, no momento, condições internas ou externas para realizar um processo psicanalítico. No entanto, alguns casos encaminhados para psicoterapia evoluem para uma psicanálise, pelo desenvolvimento que este encontro terapêutico suscitou. A primeira entrevista desencadeia ansiedades em ambos os participantes, uma «tempestade emocional» (Bion, 1979) que resulta do encontro entre duas pessoas que se desconhecem e que vão contactar com aspetos muito íntimos da díade. As indicações para psicanálise e os critérios de analisabilidade já estiveram no centro dos trabalhos sobre o tema. Atualmente, tem-se desenvolvido o interesse por questões como «a transformação da primeira entrevista numa experiência analítica» (Crick, 2014) e a «criação do paciente analítico» (Levine, 2010). Neste artigo, as autoras abordam os processos envolvidos nas primeiras entrevistas e apresentam uma síntese histórica das entrevistas de triagem nos 40 anos do Instituto de Psicanálise, refletindo na sua experiência de realização de triagens e apresentando algumas propostas para caminhos futuros.
Palavras-chave
Criação pacientes psicanalíticos, Primeiras entrevistas, Entrevistas de triagem, Atividade clínica de Instituto de Psicanálise, Procura tratamento psicanalítico
Biografia Autor
Alexandra Coimbra
Psicóloga clínica, Psicanalista Membro Associado da Sociedade Portuguesa de Psicanálise (SPP) e da Associação Psicanalítica Internacional (IPA).
Ana Catarina Duarte Silva
Psicóloga Clínica, Psicanalista Membro Titular com funções didáticas da SPP/IPA.
Isabel Prata Duarte
Psicóloga Clínica, Psicanalista Membro Associado da Sociedade Portuguesa de Psicanálise (SPP) e da Associação Psicanalítica Internacional (IPA).
Referências
- Alexandre, M. F. (2014). A Experiência Psíquica: Ensaios sobre a construção do processo analítico. Fenda.
- Bion,W. R. (2014 [1979]). Making the Best of a Bad Job. Em The CompleteWorks of W.R. Bion, vol. x. Karnac Books.
- Crick, P. (2014). Selecting a patient or initiating a psychoanalytic process? The International Journal of Psychoanalysis, 95(3), 465–484.
- David, C. (1998). Dans quel esprit aborder le premier entretien? Revue Française de Psychanalyse.Tome LXII, 87–99.
- Ehrlich, L.T. (2020). Psychoanalysis from the Inside Out: Developing and sustaining analytic identity and practice. Routledge.
- Levine, H. (2010). Creating analysts, creating analytic patients. The International Journal of Psychoanalysis, 91, 1385–1404.
- Ogden,T. H. (1992). Comments on transference and countertransference in the initial analytic meeting. Psychoanalytic Inquiry, 12, 225–247.
- Perez-Sanchez, A. (2012). Interview and indicators in psychoanalysis and psychotherapy. Karnac Books. Reith, B. (2015). The First Interview: Anxieties and Research on Initiating Psychoanalysis. The International Journal of Psychoanalysis, 96, 637–657.
- Reith, B., Møller, M., Boots, J., Crick, P., Gibeault, A., Jaffé, R., Lagerlöf, S., & Vermote, R. (2018). Beginning Analysis: On the Processes of Initiating Psychoanalysis. Routledge.
- Wegner, P. (2012). Le travail psychanalytique centré sur le processus au cours du premier entretien et la signification de la scène initiale. Bulletin de La Fédération Européenne de Psychanalyse, 66, 27–47.
- Widlocher, D. (2010). Distinguishing Psychoanalysis from Psychotherapy. The International Journal of Psychoanalysis, 91, 45–50.