A morte estava a bater à porta: A função meta-contentora do grupo de supervisão
Resumo
A destruição e a violência que aumentam no mundo trazem novas questões sobre a teoria e a técnica no campo da psicanálise. O objetivo deste artigo é discutir a importância da função de meta-contenção dos grupos de supervisão com psicoterapeutas que trabalham com vítimas de trauma. De modo a ilustrar este processo, são dados exemplos de um grupo de supervisão voluntário que se estabeleceu na sequência de uma série de ataques terroristas na Turquia. Eventos traumáticos, ocorridos no mundo externo e testemunhados nas sessões, podem criar obstáculos à capacidade de contenção do terapeuta, o que torna impossível pensar “debaixo de fogo” quando a morte bate à porta. Elaborando os sentimentos contraditórios da vítima de trauma e os mecanismos de identificação projetiva do grupo, um conhecimento mais aprofundado do paciente é alcançado e os pontos cegos do terapeuta são revelados. Se a díade terapeuta-vítima de trauma conseguir mover-se da ação para a simbolização, o processo terapêutico enriquece-se, o trabalho de luto é ativado, e em alguns casos os sintomas desaparecem e uma melhor adaptação ao mundo externo pode emergir.
Palavras-chave
continente-conteúdo, função meta-contentora, rêverie, supervisão, trauma
Biografia Autor
Melis Tanik Sivri
Psicanalista didata da Psike Istanbul e Membro europeu da Cowap. É também Editora-Chefe dos livros anuais do The International Journal of Psychoanalysis.
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