Do amor (e do ódio) na contratransferência às violações dos limites sexuais na relação analítica
Resumo
O amor (como o ódio) contratransferencial é omnipresente na relação analítica, ainda que sob diferentes formas, e não apenas transmite informações cruciais sobre o paciente e sobre o próprio analista como é mesmo imprescindível para a criatividade do processo analítico. Mas seja qual for a forma de amor em causa, ela deve ser distinguida, sempre, da violação dos limites da relação analítica que constituirá qualquer contacto sexual entre analista e analisando, transgressões que estão presentes na prática psicanalítica desde os seus primórdios. Importa, por isso, esclarecer o que entendemos por amor contratransferencial e identificar as suas funções no processo psicanalítico, atentando não só ao seu papel terapêutico, mas também ao seu papel destrutivo. Assim, a partir de uma revisão bibliográfica sobre o tema e da inclusão de duas breves vinhetas clínicas, propomos uma reflexão em torno do amor contratransferencial e, posteriormente, de algumas das especificidades da teoria e da prática psicanalíticas — bem como do funcionamento institucional — que podem, de algum modo, contribuir para a manutenção das transgressões sexuais dos limites da relação terapêutica, finalizando com algumas propostas de debate sobre estratégias que visem a prevenção da ocorrência desse tipo de violações.
Palavras-chave
Psicanálise, Relação analítica, Ética, Violação dos limites sexuais
Biografia Autor
Orlando von Doellinger
Psicanalista, Médico Psiquiatra, Doutorado em Psicologia Clínica. Membro com funções didáticas da Sociedade Portuguesa de Psicanálise (SPP).
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