Revista Portuguesa de Psicanálise 41(1): 92
https://doi.org/10.51356/rpp.411r1
Dear Candidate
Filipa Falcão Rosado1
Ficha Técnica
Título
Dear Candidate: analysts from around the world offer personal reflections on psychoanalytic training, education, and the profession
Editor
Fred Busch
Edição
Routledge, 2021
Dear Candidate: analysts from around the world offer personal reflections on psychoanalytic training, education, and the profession é uma coletânea de cartas de analistas de 15 países, que têm como destinatários os candidatos a analistas da IPA. Concebida e editada por Fred Busch, analista didata dos Institutos Psicanalíticos de Boston e de Los Angeles, esta coletânea foi lançada no início do ano pela Routledge.
São 42 cartas, despretensiosas e muitíssimo generosas, de analistas experientes que revisitam os seus próprios percursos e encorajam a próxima geração, partilhando memórias, conselhos e avisos à navegação, com manifesto prazer em desejar uma boa viagem. Cada carta é única, dotada de uma sensibilidade singular, mas uma constelação vai emergindo do conjunto destas vozes: a centralidade da análise pessoal (íntima, genuína, não didática), a riqueza dos encontros, mas também dos desencontros, no espaço de supervisão, a importância de uma rede de partilha ampla, muito para lá do instituto de pertença (o quarto pilar defendido por Bolognini durante a sua presidência da IPA), e a desidealização da análise e das instituições analíticas a par da afirmação inequívoca do seu valor são denominadores comuns a praticamente todos os testemunhos. São frequentes e reconfortantes as referências às dificuldades específicas que coloram o nosso percurso formativo atual — a polifonia teórica e técnica, a necessidade de um trabalho de construção de um paciente analítico, a cultura da rapidez e da ação —, mas também as suas potencialidades. Recorrente, também, é a exortação a uma vida que incluindo a psicanálise não se deixe confinar por ela.
São, enfim, cartas nas quais os analistas recordam o seu passado para nos ajudar a viver o presente e sonhar o futuro. São, também, como as li, cartas de amor à psicanálise. Um amor maduro, no qual a paixão, os lutos, as esperanças, as incertezas, os desejos, as frustrações, a familiaridade e a irredutível alteridade podem conviver. Não sem conflito. Não sem dor. Mas com uma intricação pulsional em que a líbido prevalece. Para crescermos e nos multiplicarmos. ♣
1 Candidata a psicanalista pela Sociedade Portuguesa de Psicanálise. E-mail: filipa.rosado@gmail.com
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